publicação: 22.02.2020
Sabe-se que o sentido da visão requer, além dos próprios olhos e das coisas coloridas, um terceiro elemento que é a luz. É por meio da luz que as nossas pupilas alteram-se de tamanho, permitindo uma maior ou menor entrada de luz, de tal sorte que as coisas possam ser mais bem projetadas e vistas.
Este fenômeno é, sem dúvida, um fascinante exercício passivo que nosso cérebro e nossos olhos reproduzem a cada milissegundo, quando postos em contato com a LUZ.
Tão fascinante é este movimento da visão, que me remete ao passado, ao filósofo e matemático da Grécia Antiga, Platão, detentor de 47 obras importantes e sobretudo, possuidor de vasta intuição e percepção sobre o mundo das ideias, que ao narrar o “Mito da Caverna” , na sua famosa obra “A República”, que apresenta a dialética (a arte de raciocinar) como movimento de libertação do olhar intelectual, que é capaz de livrar os homens da cegueira para ver a luz das ideias e, o esforço da alma para libertar-se das trevas, ou seja, da falta de ideias.
De acordo com a filosofia de Platão, “os olhos são, portanto, feitos para ver, a alma foi feita para conhecer. Os primeiros estão destinados à luz solar, a segunda, à fulguração/revelação das próprias ideias. A dialética é portanto, a técnica que liberta os “olhos do espírito”.
Para Platão, “a dialética leva a alma a ver sua própria essência ou forma, isto é, conhecer, vendo as essências ou formas, para descobrir seu parentesco com elas, pois a alma é parente da ideia como os olhos são parentes da luz”.
Tudo isso há 400 anos A.C……….e tão atual!
Durval Ferrazoli
OAB|SP 439.458